Estamos a mudar-nos para: http://www.projecto270.com/

29.12.09

Vergonha! parte I/III

Vergonha! parte I

por Nuno Belchior


A conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP 15) ficará marcada para sempre pela maior demonstração de violência contra todos os seres vivos do planeta.
Poucos acreditavam que fosse possível uma revira-volta na forma e no modo como nos relacionamos com o mundo que nos rodeia, e sabemos de ante-mão que o sistema capitalista tem embutido em si a destruição, mas como seres humanos que somos, únicos responsáveis pela existência deste sistema, ficamos sempre perplexos quando este se manifesta no seu máximo explendor: criminoso.
Esta conferência foi convocada para a constituição de um documento vinculativo, em que os estados do mundo acordariam entre si cumprir metas de redução de emissões de gases de efeito de estufa. Estas metas foram aconselhadas por um orgão das Nações Unidas, o IPCC.
Contudo, desde à alguns meses que o rascunho deste documento parecia impossivel. Várias razões foram apresentadas de forma a confundir o raciocínio das pessoas, de modo a legitimar o processo.
Uma conferência que se apresentava com sendo das Nações Unidas tornou-se em algo de Dinamarquês, mais do que Mundial.
A Dinamarca é hoje um país com uma forte industria de produção eólica, desde o pequeno aerogerador de telhado até à turbina de alto mar. É, também, um dos maiores produtores e exportadores de carne e lacticínios da União Europeia.
A produção alimentar, especialmente a agro-industria, é um dos maiores responsáveis pelo aumento da temperatura global.
Apesar da agricultura familiar ser o modo de produção mais eficaz, foi sendo ao longo dos anos substituída pelas grandes industrias do agro-negócio, subsidiadas com fundos públicos, produzindo assim comida mais barata, mas com altos custos sociais e ambientais.
O agro-negócio vive de mãos dadas com a miséria e a fome, algo que diz que resolve, mas que efectivamete aprofunda e agrava.


A tecnologia cria em todos nós um fascínio desde a criação da roda até à sonda que enviamos aos confins do espaço, tudo nos parece um autêntico milagre material.
Esperamos, e muitos já afirmam ter, tecnologias capazes de evitar o aumento de temperatura. Incrivelmente todos estão virados para o finaciamento público, tem um target, um nicho, um mercado. Recorre-se ao medo, à visão do abismo, ao armagedon.
É preciso relançar a economia, ela própria a causadora da destruição ecológica.
O sistema que causa tamanha destruição e sofrimento, deve manter-se vivo.
Fecham escolas, centros de saúde, desertifica-se o mundo rural, agoniza-se o mundo urbano. Mais investimento em infra-estruturas, menos qualidade de vida, mais crime, mais miséria.
A tecnologia serve em grande parte apenas para concentrar na mãos de alguns a riqueza produzida por todos os outros. Quanto maior é o carácter de urgência, maior é o investimento público, maior o lucro das multinacionais.