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8.4.10

programa de actividades propostas para ZAPATA VIVE! sábado 10 de abril



Mais vale "viver" de pé do que viver de joelhos


PROJECTO ABERTO
ZAPATA VIVE! @ projecto270

O convite foi feito, as propostas chegaram.
Sábado, 10 de abril, o que propomos fazemos, e assim, celebramos!
Juntem-se a nós!

Saudações sustentáveis!


La Lucha Continua...


Mais vale "viver" de pé do que viver de joelhos


PROJECTO ABERTO
ZAPATA VIVE! @ projecto270

O convide foi feito, as propostas chegaram.
Sábado, 10 de abril, o que propomos fazemos, e assim, celebramos!
Juntem-se a nós!

Saudações sustentáveis!


La Lucha Continua...




16h
Duração: todo o evento
Música a cargo de:
Teddy Juggle
Floating Machine
Hugh D’Mark
Zenner

16h
Duração: todo o evento
Bar Bio-Fandango
Vinho, Mini, Margarita, Mojito e Caipirinha
projecto270

16h
Duração: todo o evento
Venda de Produtos de
Comércio Justo
Cooperativa Mó de Vida

16h
Duração: 1h
Oficina Criativa de
Barro com Sessão
Prévia de Dança
Carla Leitão e Patricia Alves

16.30h
Duração: 20 min
Construção de
uma Bússola
João Cão

16.30h
Duração: todo o evento
Viva Zapata, 1952
A Place Called Chiapas, 1998
Zapatista, 1999
NPC - Núcleo de Partilha
Cinematografica, projecto270

16.30h
Duração: 10min
A Essência dos Elementos
ASPEA

17h
Duração: 1h
Uso Tradicional das
Plantas Tradicionais
Atelier Como Fazer
uma Pomada
Luisa Castanheira

17h
Duração: 30 a 50 min
Compostagem doméstica
Porquê fazer e Como fazer
Pedro Ribeiro

17.30h
Duração: 15 min
Gastronomia Molecular
Demonstração c/ Prova
Rebuçados Líquidos
de Limão e Laranja
Ánima, Food Solutions

Duração: 15 min
Explosivos de Iogurte,
Canela e Frutos Silvestres
Ánima, Food Solutions

18h
Duração: 45 a 50 min
Terra de Improviso
Música meditativa
Geo

18h
Duração: 1h
mini-workshop prático
"Viagem ao Centro de Si"
Alia Raichande e Harald Rothermel

19h
Duração: 1h
Saber Colher
Fernanda Botelho

19.30h
Duração: 30 min
Transgénicos no nosso prato?
Irina Maia, Plataforma Trangénicos Fora

20.30h
Jantar Biológico
refeição 100% bio, sem OGM’s, e vegetariana em solidariedade
com a marcha-protesto da ANIMAL
projecto270

5.4.10

Contaminated

Augusto Boal, Founder of the Theater of the Oppressed

Augusto Boal, Founder of the Theater of the Oppressed, Dies at 78

(may 06, 2009. source: democracynow.org)

 

Boal-web-2
Augusto Boal, the legendary Brazilian political playwright and popular educator, died Saturday at the age of seventy-eight. He was the founder of the Theater of the Oppressed, a popular international movement for a participatory form of theater as a means of promoting knowledge, democratic forms of interaction, and transformation. We play a never-before-aired interview on his life and work. [includes rush transcript]

WORKSHOP , VIAGEM AO CENTRO DE SI @ projecto270



“E Deus não muda nada nos homens
enquanto eles não mudam o que está
dentro deles.”     
Al-Corão, Sura XIII, Versículo 11    

O workshop consiste em sessões mensais
em que se identificam e debatem temas
pertinentes dos participantes. Com utilização
de ferramentas  de auto-conhecimento,
auto-análise e auto-avaliação,
pretende-se criar a sua forma de estar em
plena satisfação e equilibrio.
Criamos um ambiente seguro para a partilha
e troca de experiências e dificuldades
individuais.
Temas: Trabalho, Finanças, Família,
Relacionamentos, Stress e Descontracção,
Gestão de Tempo e Energia, Sonhos,
Emoções e outros.
Metodologia: Técnicas de Life Coaching
com Dinâmica de Grupo; Técnicas de
Comunicação Não Violenta; Técnicas e
exercícios de Yoga; Exercícos experienciais;
Discussão de temas pertinentes;
Partilha de experiências.

com ALIA RAICHANDE e HARALD ROTHERMEL, RIR consultores de vida

Datas: 1, 8, 22, 29 Maio, 5 e 12 Junho
Local: projecto270, Costa da Caparica
Duração: 30 horas (6 sessões de 5 horas)
Horário: das 15h às 20h
Investimento: 125 euros
Info: 91 408 23 18

4.4.10

DLR: Avatar visto pela Candidata Verde à Presidência do Brasil - Marina Silva

(...)
Avatar e a síndrome do invasor - por Marina Silva

Teve um momento, vendo Avatar, que me peguei levando a mão à frente para tocar a gota d´água sobre uma folha, tão linda e fresca. Do jeito que eu fazia quando andava pela floresta onde me criei, no Acre. A guerreira na’vi bebendo água na folha como a gente bebia. No período seco, quando os igarapés quase desapareciam, o cipó de ambé nos fornecia água. Esse cipó é uma espécie de touceira que cai lá do alto das árvores, de quase 35 metros, e vai endurecendo conforme o tempo passa. Mas os talos mais novos, ainda macios, podem ser cortados com facilidade. Então, a gente botava uma lata embaixo, aparando as gotas, e quando voltava da coleta do látex, a lata estava cheia. Era uma água pura, cristalina, que meu pai chamava de água de cipó. E aprendíamos também que se nos perdêssemos na mata, era importante procurar cipó de ambé, para garantir a sobrevivência.

Me tocou muito ver a guerreira na’vi ensinando os segredos da mata. Veio à mente minhas andanças pela floresta com meu pai e minhas irmãs. Ele fazia um jogo pra ver quem sabia mais nomes de árvores. Quem ganhasse era dispensada, ao chegar em casa, de cortar cavaco para fazer o fogo e defumar a borracha que estávamos levando. A disputa era grande e nisso ganhávamos cada vez mais intimidade com a floresta, suas riquezas e seus riscos.

A gente aprendia a reconhecer bichos, árvores, cipós, cheiros. Catávamos a flor do maracujá bravo pra beber o néctar, abrindo com cuidado o miolinho da flor. Lá se encontrava um tiquinho de mel tão doce que às vezes dava até agonia no juízo, como costumávamos dizer.

É incrível revisitar, misturada à grandiosidade tecnológica e plástica de Avatar, a nossa própria vida, também grandiosa na sua simplicidade. Sofrida e densa, cheia de riscos, mas insubstituível em beleza e força. Éramos muito pobres, mas não passávamos fome. A floresta nos alimentava. A água corria no igarapé. Castanha, abiu, bacuri, breu, o fruto da copaiba, pama, taperebá, jatobá, jutai, todas estavam ao alcance. As resinas serviam de remédio, a casca do jatobá para fazer chá contra anemia. Folha de sororoca servia pra assar peixe e também conservar o sal. Como ele derretia com a umidade, tinha que tirar do saco e embrulhar na folha bem grande, que geralmente nasce em região de várzea. Depois amarrava com imbira e deixava pendurado no alto do fumeiro para que o calor mantivesse o sal em boas condições. Aprendi também com meu pai e meu tio a identificar as folhas venenosas que podiam matar só de usá-las para fazer os cones com que bebíamos água na mata.

O filme foi um passeio interno por tudo isso. Chorei diversas vezes e um dos momentos mais fortes foi quando derrubam a grande árvore. Era a derrubada de um mundo, com tudo o que nele fazia sentido. E enquanto cai o mundo, cai também a confiança entre os diferentes, quando o personagem principal se confessa um agente infiltrado para descobrir as vulnerabilidades dos na’vi. E, em seguida, a grande beleza da cena em que, para ser novamente aceito no grupo, tem a coragem de fazer algo fora do comum, montando o pássaro que só o ancestral da tribo tinha montado, num ato simbólico de assunção plena de sua nova identidade.

O filme também me remeteu ao aprendizado ao contrário, quando fui para a cidade e comecei a aprender os códigos daquele mundo tão estranho para mim. Ali fui conduzida por pessoas que me ensinaram tudo, me apontaram as belezas e os riscos. E também enfrentei, junto com eles, o mal e a violência da destruição.

Impossível não fazer as conexões entre o mundo de Pandora, em Avatar, e nossa história no Acre. Principalmente quando, a partir da década de 70 do século passado, transformaram extensas áreas da Amazônia em fazendas, expulsando pessoas e comunidades, queimando casas, matando índios e seringueiros. A arrasadora chegada do “progresso” ao Acre seguiu, de certa forma, a mesma narrativa do filme. Nossa história, nossa forma de vida, nosso conhecimento, nossas lendas e mitos, nada disso tinha valor para quem chegava disposto a derrubar a mata, concentrar a propriedade da terra, cercar, plantar capim e criar boi. Para eles era “lógico” tirar do caminho quem ousava se contrapor. Os empates, a resistência, a luta quase kamikaze para defender a floresta, usando os próprios corpos como escudos, revi internamente tudo isso enquanto assistia Avatar.

A ficção dialoga muito profundamente com a realidade. Seres humanos, sem conhecimento sensível do que é a natureza, chegam destruindo tudo em nome de um resultado imediato, com toda a virulência de quem não atribui nenhum valor àquilo que está fora da fronteira estreita do seu interesse imediato. No filme, como o valor em questão era a riqueza do minério, a floresta em si, com toda aquela conectividade, toda a impressionante integração entre energias e formas de vida, não vale nada para os invasores. Pior, é um estorvo, uma contingência desagradável a ser superada.

Encontrei na tela, em 3D e muita beleza plástica e criatividade, um laço profundo e emocionante com a nossa saga no Acre, com Chico Mendes. E percebi que, assim como no filme, éramos considerados praticamente alienígenas, não humanos, não portadores de direitos e interesses diante dos que chegavam para ocupar nosso espaço.
 

É uma visão tão arrogante, tão ciosa da exclusividade do seu saber, que tudo o mais é tido como desimportante e, consequentemente, não deve ser levado em conta. É como se se pudesse, por um ato de vontade e comando, anular a própria realidade. Como se o que está no lugar que se transformou em seu objeto de desejo, fosse uma anomalia, um exotismo, uma excrescência menor.

E, afinal, essa arrogância vem da ignorância e da falta de instrumentos e linguagem para apreender a riqueza da diferença e extrair dela algum significado relevante e agregador de valor. Numa inversão trágica, a diferença é vista apenas como argumento para subjugar, para estabelecer autoritariamente uma auto-definida superioridade. Poderíamos chamar tudo isso de síndrome do invasor, cujo principal sintoma é a convicção cega e ensandecida, movida a delírios de poder de mando e poder monetário, de ser o centro do mundo.

No Acre nos deparamos com muitos que viam nossos argumentos como sinônimo de crendices, superstição. Coisa de gente preguiçosa que seria “curada” pelo suposto progresso de que eles se achavam portadores. Por outro lado, também chegaram muitos forasteiros que, tal como a cientista de Avatar e o grupo que a seguiu, compreenderam que nosso modo de vida e a conservação da floresta eram uma forma de conhecimento que poderia interagir com o que havia de mais avançado no universo da tecnologia, da pesquisa acadêmica e das propostas políticas de mudanças no modelo de desenvolvimento que eram formuladas em todo o mundo. Com eles, trocamos códigos culturais, aprendemos e ensinamos.

Fiquei muito impressionada como esse processo está impregnado no personagem principal de Avatar. Ele se angustia por não saber mais quem é, e só recupera sua integridade e identidade real quando começa a se colocar no lugar do outro e ver de maneira nova o que antes lhe parecia tão certo e incontestável. Sua perspectiva mudou quando viu a realidade a partir do olhar e dos sentimentos do outro, fazendo com que a simbiose presente no avatar, destinado a operar a assimilação e subjugação dos diferentes, se transformasse num poderoso instrumento para ajudá-los a resistir à destruição.

Pode-se até ver no filme um fio condutor banal, uma história de Romeu e Julieta intergalática. Não creio que isso seja o mais importante. Se os argumentos não são tão densos, a densidade é complementada pela imagem poderosa e envolvente, pelo lúdico e a simplicidade da fala. Se houvesse uma saturação de fala, de conteúdos, creio que perderia muito. A força está em, de certa maneira, nos levar a sermos avatares também e a tomar partido, não só ao estilo do Bem contra o Mal, mas em favor da beleza, da inventividade, da sobrevivência de lógicas de vida que saiam da corrente hegemônica e proclamem valores para além do cálculo material que justifica e considera normais a escravidão e a destruição dos semelhantes e da natureza.
 

E, se nada mais tenho a dizer sobre Avatar, quero confessar que aquele povo na’vi tão magrinho e tão bonito foi para mim um alento. Quando fiquei muito magra, na adolescência, depois de várias malárias e hepatite, me considerava estranha diante do padrão de beleza que era o das meninas de pernas mais grossas, mais encorpadas. Sofria por ser magrinha demais, sem muitos atributos. Agora tenho a divertida sensação de que, finalmente, achei o meu “povo”, ainda que um pouco tarde. Houvesse os navi na minha adolescência e, finalmente, eu teria encontrado o meio onde minhas medidas seriam consideradas perfeitamente normais.