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25.7.09

Agosto é já ali.



Falar sobre sustentabilidade ou ecologia está na moda; a perca de biodiversidade, as alterações climáticas, a soberania alimentar, entraram finalmente no nosso dia a dia, desde a capa da revista cor-de-rosa à conversa depois da bica.
Deparamo-nos, perplexos, com as decisões tomadas pelos nossos políticos relativamente ao ambiente, quer cheguem do poder central quer do poder local.
O esforço feito pelas instituições governamentais é de louvar: os milhares de automobilistas que se deslocam às praias da Costa da Caparica vão a banhos de informações em como se podem deslocar para a praia de uma forma sustentável, como podem contribuir individualmente para combater as alterações climáticas, etc., e seguem confiantes de que o finalizar do programa Polis permitirá obter uma melhor qualidade de vida, melhor acesso, os melhores apoios de praia, e tudo isto construído sobre os mais fortes alicerces da democracia representativa resultantes do 25 de Abril de 1974.
A grande transição que se está a realizar nas Terras da Costa, tendo em vista a adaptação dos agricultores às novas realidades, demonstra que as autoridades competentes estão a efectuar todos os esforços no desenvolvimento de um programa para um novo paradigma ambiental. Este é, sem duvida, um dos melhores exemplos em como autoridades, universidades, empresas e cidadãos podem funcionar em conjunto para a protecção de um bem comum que é a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, e a paisagem adjacente.
Como agricultor biológico órfão sinto-me extasiado por ter a hipótese de participar activamente a par com os restantes neste programa. A construção de mais e maiores parques de estacionamento permitirá às pessoas acederem mais facilmente às praias onde terão contacto com a gastronomia local, feita com produtos locais, em estabelecimentos que reflectem preocupações ambientais desde a sua génese.
Contudo, tudo isto se fará à custa de uma exploração desumana de um mítico animal luso, o Gambozino, que contribuirá para a destruição de uma espécie local bastante afamada e amplamente discutida: a Bicha da Costa.
Poderemos então colocar a questão: O caminho mais rápido entre dois pontos é uma linha recta?
Como o programa Pólis é subjectivo, é coerente que seja homogéneo, estando o seu entendimento dependente de conceitos adquiridos ao longo da maturação democrática do cidadão. Segundo o resultado de um pensamento que respeita conceitos como os da multiculturalidade, o Plano de Pormenor das Praias Equipadas, o Plano de Pormenor da Frente Urbana e Rural Nascente e os demais planos e projectos em curso e em elaboração abrirão por certo o espaço excepcional para a heterogeneidade, expressa nas marcas, cores, e nunca na forma, de modo a termos um bom equilíbrio na paisagem. Por certo, teremos assim uma paisagem muito mais rica, fácil de digerir.
Sem dúvida que o melhor do programa Polis é o respeito das especificidades e potencialidades da Costa da Caparica, vector essencial na aproximação desta Cidade ao Mundo, expresso no desenho do programa que nos coloca junto de dezenas de outras cidades mais ou menos parecidas, mais ao menos iguais, espalhadas por aí.
A Costa da Caparica fazendo jus aos inúmeros exemplos de desenvolvimento sustentável deste país, passa assim a ser um imenso parque de estacionamento bem organizado, fazendo desta forma um update à expressão popular: Portugal um jardim a beira-mar plantado, para: Portugal um lugar para afogar a imperial.
A famosa trilogia portuguesa Fátima, Futebol, Fado regressa como sustentáculo cultural de um país que atravessa várias crises, sendo que a maior delas é sem dúvida a infame substituição do consumo de vinho pelo consumo da imperial ou da cerveja de tara perdida. E esta, hein?

Nuno Belchior, projecto270