À tarde, acompanhamos uma discussão sobre a divida ecologica, e muitos testemunhos na primeira pessoa de povos que sentem na pele as alterações climáticas e o sugar dos recursos naturais por parte das multinacionais.
A familia dinamarquesa que nos albergou nos primeiros dias confessa-nos que não podem mais ouvir falar em clima. Nos últimos meses, tem havido tanta publicidade em todo o lado e a toda a hora que, acabou por obstruir qualquer tipo de interesse em informação alternativa ao encontro que se realiza no Bella Center. Os habitantes de Copenhaga entendem porque vieram pessoas para as manifestações, mas temem o dia 16. Os mais velhos não entendem de todo, pois têm como garantido o "bom resultado" das decisões do COP 15. Partilhamos com eles as informações acerca dos encontros alternativos, e a reacção é a surpresa: "Mas, este homem é muito conhecido aqui!"
Assim, abrimos mais uma janela, e, pelo menos esta familia vai fazer o esforço para entender o que está por trás de toda esta loucura de publicidade.
Hopenhagen está por toda a parte, uma campanha que rapidamente se transforma em Shopenhagen no backstage. Existe um mega aproveitamento publicitário por parte das grandes multinacionais, o famoso green wash. "Somos todos pró-ambiente, pró-planeta." Há muita, muita gente zangada e ofendida.
Depois de dois dias em familia, chegou a hora de nos despedirmos e de nos juntarmos ao grupo de jovens campesinos, reclaim the fields, para iniciarmos assim as acções planeadas para esta semana.
O ponto de encontro foi também o inicio destas, com uma vigilia em homenagem aos campesinos que perderam a vida defendendo um mundo rural vivo.
Pela noite dentro, cerca de 60 activistas de todo o mundo seguem para o ginásio de uma escola ao qual chamaremos casa nos próximos dias. Dormimos em 3 ginásios, um para as mulheres da via campesina, outro para os homens, e outro para os jovens de reclaim the fields.
O frio aumenta.
Tânia Simões