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18.12.09

projecto270 @ Global Day of Action 12_12



Acordamos às sete da manhã, e reunimos o grupo para a grande manifestação.
De facto, hoje fomos convocados para duas demonstrações, a primeira organizada pelos Friends of the Earth, intitulada "Flood", em que todos os participantes vão vestidos de azul, representando a água que irá "inundar" o parlamento, que por sua vez é o ponto de partida para a grande manifestação do dia.
Antes de partirmos encontramos mais familia portuguesa, mais ouriços, e é muito bom estarmos rodeados de familia. Temos os nossos grupos de afinidade e pares, caso alguem se perca, caso haja perturbações fora do bloco. Tanto os camponeses da Via Campesina como os jovens sem terra de Reclaim the Fields, tem como mote a não violência, e como tal, é imperativo que não haja espaço para entradas de estranhos no coração do bloco durante a caminhada até à conferencia. O que na realidade acontece, ultrapassa qualquer tipo de plano ou estratégia que se possa desenhar.
Ao invés dos 30 mil participantes esperados, as ruas enchem-se muito mais, e alguns dizem que a mancha ultrapassa os 100 mil participantes. À boa maneira portuguesa, o projecto270 tem um dos maiores banners, medindo cerca de 3 x 8 metros, que serve de parede de protecção e fecho do nosso bloco. São muitas as pessoas que se juntam à festa, porque é disso que se trata, uma festa das pessoas para as pessoas, e o ambiente é muito descontraido. São horas a andar, durante os mais de 10 km que fazemos durante a tarde. Alguns disturbos subtis fazem com que a policia prenda 200 pessoas que apenas se manifestavam pacificamente. Os jornalistas viram o seu acesso restringido à area a partir das 18h. A policia dinamarquesa é acusada de violação dos direitos humanos por reter 100 pessoas na rua, algemadas e sentadas ao frio severo durante horas, sem acesso a água, cuidados medicos ou casas de banho. Este tipo de acção pelas autoridades está a causar um desconforto crescente em todos os participantes, e também nos dinamarqueses. Quando os direitos humanos basicos são retirados, bem como o direito à livre expressão, acompanhado pelo facto de que quem está aqui para se manifestar já sabe do grande negocio que se tenta fazer com o clima nesta conferencia e quer pará-lo, parece que há duas opções para a policia dinamarquesa: criminalizar e desumanizar os participantes.
Parece que, à semelhança de Seattle, e de uma maneira muito mais organizada e matura, o povo será mais forte. Não vemos ninguém a vacilar, com receio, ou a desistir.
De facto, não há tempo. Citando um dos cartazes distribuidos nesta manifestação:
Bla Bla Bla - Action! Temos a certeza de que Copenhaga será um ponto de viragem, pois todos os povos do mundo estão aqui represenados. O planeta não é uma, ou de uma, multinacional.
Cansados, voltamos para casa.

Tânia Simões