“this is what democracy looks like”No ano de 1999 nas ruas cidade de Seattle o pensamento de pessoas vindas do mundo inteiro opôs-se às políticas que se pretendiam impôr aos paises mais pobres, pelas grandes multinacionais norte-americanas. A maior organização de pirataria de todos os tempos (WTO) tentava de forma “negocial” roubar as riquezas dos paises do hemisfério Sul deixando na pobreza, e numa morte agonizante, milhões de pessoas de forma perfeitamente legal, e com lucros inimagináveis para as corporações.
Pessoas que nunca foram mandatadas por qualquer tipo de sufrágio popular negociavam o roubo legal de riquezas naturais, destruição de culturas ancestrais e a condenação de milhões de pessoas à miséria. Todo um património humano e natural milenar deveria ser negociado de forma a convertê-lo em números.
Em todos os cantos do mundo, cidadãos conscientes tomaram para si a decisão de construir um mundo em que a liberdade seja uma realidade como o Sol.
Muitos têm pago com a vida: a sua, a dos seus filhos e, por vezes, de toda a comunidade em que vivem. O assasinato de comunidades indigenas tornou-se uma realidade normal.
10 anos é um belo número para festejar, contudo a pista de dança está juncada de corpos de crianças violadas, torturadas e condenadas.
Festejar será impossivel mas é sempre bom relembrar que somos ainda pessoas e ainda conseguimos pensar, que podemos sempre tomar partido pela causa, que nos é comum a todos: a liberdade de decidir por nós próprios.
É pois com este pensamento que damos início às actividades neste ano de 2009, de forma a cultivar nas pessoas o prazer da liberdade de escolha.
Conscientes das dificuldades que este ano nos trará mas, dispostos a trabalhar com o objectivo único de contribuirmos para uma sociedade que dê primazia a uma visão holística e integrada da nossa realidade, a um redescobrir do modo de relação do ser humano com o mundo natural, desta feita de igual para igual e de mãos dadas rumo ao futuro.
Estamos fartos de esperar pelas decisões do programa Pólis, que se tem vindo a demonstrar um programa fora de tempo, que foge aos anseios da população residente e dos visitantes, e que tem vindo a desmonstrar estar fora da realidade que enfrentamos no nosso dia a dia. A luta contra as alterações climáticas, a perda da biodiversidade, a segurança alimentar, a educação ambiental, a criação de emprego, são àreas em que a Costa da Caparica poderia dar exemplos concretos ao país. Contudo, a realidade é que os nossos decisores políticos têm vindo a demonstrar uma apatia geral, falta de ideias e, acima de tudo, falta de cultura democrática.
Obras para a fotografia: jardins do ridículo, caixotes à beira mar implantados, são areia a mais para a nossa camioneta. Tanto dinheiro dos contribuintes mal gasto mesmo à frente de quem caminha para relaxar do trabalho, ou procura uma solução para a sua vida.
Resta-nos assim, a nós cidadãos, a àrdua tarefa de atenuar o resultado da falta de trabalho, destas coisas com duas pernas e fatos bem engomados.
Bom ano de 2009 e mãos ao trabalho.
Mais vale uma enxada na mão do que uma mão inchada.
Nuno Belchior, projecto270
